março 15, 2007

Ver a Viver...

Eles não fazem mais do que imitar o que acontece na vida real.
Inspiram-se nas nossas atividades, nos nossos sofrimentos.
Nas coisas boas e ruins que presenciamos ou vivemos sem perceber...
E sem perceber aplaudimos àqueles
que não fazem mais que viver a nossa vida diante de uma tela.
E idolatramos sua coragem, sua audácia
sem perceber que muitas vezes nós mesmos fomos os altruístas...
E ficamos estáticos por boas horas de nossos dias
torcendo, diante de uma caixa, para que o bem vença e o mal perca...
E nos indignamos quando os papéis se invertem
E os maus prevalecem...
Condenamos os maus conforme nossas necessidades
e não percebemos que muitas vezes nós agimos da mesma forma.
Não somos pagos prá refletir sobre nossos atos,
mas eles são pagos para demonstrar o que fazemos
sem nos condenar diretamente...
Quem nunca traiu ou foi traído?
Quem nunca chorou ou fez alguém chorar?
Quem nunca teve alguém com quem não combinasse?
Quem nunca perdeu alguém que gostava demais?
Quem nunca tomou banho de chuva ou caiu um tombo?
Quen nunca amou ou detestou alguém?
Quem nunca mentiu prá ajudar um lado?
Quem nunca precisou fazer escolhas e tomar decisões?
Quem nunca foi vítima de alguma coisa,
ou nunca riu de algo que fez?
Quem nunca recebeu um elogio sincero, um abraço apertado,
um tapa bem forte, talvez uma repreensão?
Inda assim nos programamos, como despertadores,
para estarmos sempre na mesma hora diante da TV
e assim gastar mos nossas emoções
na vida que deveria ser nossa, mas não é.
Não é, porque nos sentamos no exato momento em que poderíamos
rir ou chorar as nossas coisas... Sofrer com aquilo que nos pertence...
Mas nos sentamos,
porque perder na realidade é muito mais arriscado,
muito mais doloroso...
A verdade é que somos covardes, por isso idolatramos aqueles que talvez
façam um pouco mais que nós...
Ou não façam mas imitam o que fazemos... ou deveríamos fazer...
Um dia, talvez, reconheçamos que os heróis verdadeiros não são aqueles
e sim, estes que nos rodeiam diariamente... que podemos tocar...
Um dia, talvez, percebamos que é muito mais gratificante sentir, inda que a dor,
que simplesmente idealizar...
Um dia talvez deixemos de ser covardes e aceitemos que a vida em si é muito mais bonita e gratificante
que aquela que se passa dentro de uma caixa,
mas que nós somos incapazes de perceber e sentir isso
Porque preferimos sentar e assistir do que atuar...

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