fevereiro 10, 2007

Saudade...

Saudade do tempo em que as pessoas eram pessoas.
Que o vizinho visitava, que se visitava o vizinho.
Quando ainda existia o termo "família" e casamentos eram mais que política de interesses.
Saudade de quando, ao passar pelas praças, podia havistar crianças brincando...
Saudade do tempo que eu era criança, e brincava na praça...
Do tempo que praças eram vistas como bons lugares de socialização.
Saudade de correr na chuva, com os pés descalços.
De sentar ao redor de uma fogueira ouvir estórias
e depois, deitar ao lado de fora da barraca prá avistar as constelações...
Saudade de quando as flores tinham detalhes.
Do tempo que eu via rosas, cravos, jasmins, margaridas...
Depois de um tempo tudo é simplesmente, flor.
Depois de um tempo, cachorro quente não é mais que um pão cheio de recheio...
O Sorvete nem precisa mais ser de morango...
O chocolate nem é mais recheado com coco... ou meio amargo...
Porque depois desse tempo, a gente "aprende" a generalizar as coisas.
Então, tudo deixa de ser belo e passa a ser comum.
E o comum não tem detalhes.
Nós esquecemos que são justamente os detalhes que tornam as coisas mais valiosas.
E transformamos família, amigos, jardins e chocolates em meros substantivos.
Depois de mais tempo, a gente percebe quanto tempo perdeu na vida.
Pelo simples fato de "não ter tempo".
Porque gastamos tanto conjugando verbos
que nos esquecemos de realizá-los.
Viver na teoria é o mesmo que assistir seu filme preferido:
Você acha lindo, perfeito e até se emociona...
Mas ele acaba, e é aí que você percebe
que na realidade,não foi mais que mero espectador...