novembro 30, 2006

Soliedariedade?

Ontem saí mais tarde do trabalho. Uns 40 minutos além do normal.
Para minha sorte (e azar de quem estava no ônibus), o trem havia desencarrilhado e fechado a avenida ao lado da rodoviária. O congestionamento fez com que eu pegasse o mesmo ônibus que teria pego se tivesse saído às 18h.
O motorista, exausto, decidiu "dar a volta" e andar alguns km até o viaduto para passar sobre a linha. Ao ver o ato do motorista, um senhor bem idoso que estava EM PÉ ao meu lado, perguntou prá uma senhora:
- Ele não vai passar no Big? (hipermercedo)
- Não - respondeu a senhora curta e grossa.
- Então vou descer aqui que é mais perto. (Estávamos há umas 5 quadras)
Eu segurei no braço dele e disse:
- Não tio. Espere aí. Ele vai passar no Big sim.
O senhor me olhou com ar de desconfiança. A mulher ao lado começou a resmungar dizendo:
- Ele não vai passar. Só quero ver "neguinho" fazendo caminhada. Mas é bom prá aprender.
Esses e muitos outros tititis que ela começou a falar foram me deixando irritada e eu nunca desejei tanto que aquele ônibus voltasse os 2 km depois do viaduto só prá queimar a cara dela. Mas ao passar o viaduto, o motorista não entrou na rua que deveria. Comecei a me sentir culpada e fui até lá:
- Tio, você não vai passar no big?
- Não. Por quê?
- Porque tem um senhor lá atrás esperando para descer no big.
O Motorista me olhou, olhou pelo retrovisor... esperou o semáforo abrir e disse:
- Tudo bem, eu volto.
Nem preciso dizer que a mulher do fundo quase teve um chilique. COmeçou a falar alto e na minha direção:
- Ele não ia passar se alguém não tivesse se entrometido.
- Senhora, é obrigação dele passar lá - eu disse.
- Obrigação por obrigação eu também tenho que cuidar dos meus filhos... blá blá blá...
O motorista fez mais do que voltar no ponto. Deixou o senhor na entrada no hipermercado, coisa que nem precisava. O senhor me olhou, deu um sorriso tímido e desceu. Depois que o senhor desceu a mulher berrou:
- Motorista, ande rápido, porque eu também tenho OBRIGAÇÂO.
Disse isso como se a culpa de tudo tivesse sido do cara que não fazia mais que o seu trabalho. Ao que um outro senhor, porém uns 30 anos mais jovem que o primeiro, disse em alto e bom tom:
- Está com pressa senhora? Desça e pegue o Moto-táxi.
Aquilo gerou murmúrios e gargalhadas no ônibus. Nunca me diverti tanto. Então, esse senhor veio na minha direção e disse:
- Muito bonito o que você fez mocinha. Isso se chama soliedariedade.
Eu poderia ter dito que não fiz mais que a minha obrigação, e isso foi a primeira coisa que veio na minha cabeça; mas hesitei e respondi:
- De vez em quando é bom sermos solidários.
Olhei prá chata e ela estava me olhando de canto de olho. Voltou para as colegas. Fechou a matraca.

novembro 28, 2006

Seilinhah

“A vida é um presente diário, E sou feliz tão somente em recebê-lo. Medo da morte? Jamais tive. Apenas às vezes me contive No medo de morrer sem vivê-lo.” (seile)

novembro 25, 2006

Diferente, eu?

Desculpe. Sou sim, realmente.
Não faço questão de ser réplica.
O mundo já está cheio de pessoas "etiquetadas"
e "outdoors ambulantes".
Até porque para ser comum é muito simples:
Basta seguir as regras e andar na moda.
Permitir-se ser influenciado.
Encantar-se com fetiches midiáticos
que te mostram o supérfulo como necessário.
Tornar-se fútil. E pessoas fúteis não fazem o meu estilo.
Eu gosto mesmo é de gente simples
e inteligente.
E para mim, inteligentes são aqueles
que têm a capacidade
de tomarem suas próprias decisões
e fazerem suas próprias escolhas
sem influências alheias...
Sem se preocuparem com a maioria.
Eu gosto de gente que marca presença por ser diferente.
Por ter personalidade.
Eu te incomodo?
Agora eu sei, deve ser por isso.
Pessoas desiguais são, facilmente, percebidas.
As "normais" são apenas massa... número.
Então quero te pedir desculpas
por esse "incômodo".
Pois nunca foi minha intenção
Aborrecer pessoas
cuja a existência prá mim é tão... ... insignificante.
"Porque não há fórmula para o sucesso. Mas para o fracaso há uma, infalível: Querer agradar a todo o mundo."

novembro 23, 2006

Eu espero pelo dia em que todos terão direito às mesmas coisas, obedecerão as mesmas regras, sentirão os mesmos gostos.
Pelo dia em que todos aprenderão olhar além do espelho, além da própria imagem, e esquecendo o egoísmo, estenderão a mão àqueles que realmente precisam.
Eu espero pelo dia que o sol brilhe em todas as ruas, pelo prato de comida em todas as mesas, pelo cobertor em todas as camas... Eu espero que um dia todos tenham camas... E teto... E família...
Eu espero pelo dia que palavras não sejam mais vistas com tanta importância... Que status e poder já não estejam relacionados e se puder, que nem existam mais... Que saúde seja comum à todos assim como a educação.
Eu espero pelo dia em que as pessoas simples serão mais críticas e menos subordinadas. Quando pessoas serão, indistintamente amadas, aceitas, humanas.
Eu espero sim por este dia, mesmo que ele nunca chegue.
Mesmo que alguém me critique.
Mesmo que você não acredite que ele possa existir.
Espero, porque é na esperança que encontro forças para tentar mudar o mundo,
não o de todo mundo,
mas o mundo que eu vivo e posso considerar meu.
Às vezes me pego cansada... A inconsciência das pessoas me irrita. Os noticiários me magoam... Já nem assisto mais televisão.
Mas levanto porque no chão não sou capaz de estender a mão prá alguém levantar,
Porque ainda tenho forças para lutar
E tentar mudar um mundo repleto de homens e excasso de cidadãos.