janeiro 15, 2007

O que você faz?

(Seile M. Corrêa)
Há os que olham.
Os que passam indiferentes.
Há os que brincam com os fatos
e os que levam a sério.
Há os que criticam
e há os que condenam.
Há os que projetam
e há os que esperam.
Há os que constroem
e há os que destroem
sem nem ao menos perceber
que o fazem.
Há os que aceitam
e há os que batalham.
Há os que acomodam-se
Há os que inquietam-se.
Há os que ajuntam.
Há os que espalham...
Há os que riem
Há os que choram.
Há os que sentem que precisam fazer algo
e há os que realmente fazem.
Há os que vêem acontecer,
Há os que fazem acontecer,
e os que nem sabem o que acontece...
Há os que falam muito
(e falam bem).
Há os que buscam a culpa.
Há os que encontram justificativas.
Há os que vivem
e os que simplesmente existem...
E enquanto isso...
Há os que morrem
sem nem ao menos
ter a chance
de entender
o porquê...

janeiro 06, 2007

Olhos cegos...

Eles julgam e condenam sob sua própria razão...
Condenam aqueles que agiam, acreditando também, na sua razão.
Nós olhamos tudo e classificamos os certos e os errados sob a nossa razão.
Pensamento este que nos foi repassado conforme uma terceira razão formada por outra e assim, sucessivamente.
E dentro de sua razão, ninguém aceita estar errado. Inda que a mesma, a olhos alheios, seja absurdamente ridícula.
Todos nós somos... ridículos.
Porque sempre nos achamos no direito de julgar os demais... Mas nunca nos submetemos ao julgamento que fazem sobre nós, ou nossas atitudes.
Somos cegos àquilo que nos condena. Surdos ao que nos julga... E insistimos, não somente em apontar erros alheios, mas também acreditar que eles devem ser corrigidos ao nosso modo.
Querem ser corretos... Sem aceitar que outros também podem estar.
Querem escrever a história ao seu modo... Sem personagens que possam opinar o final dela.
Querem manter uma imagem que já está destruída e escondida por baixo de um pano sujo... imundo.
Querem ser perfeitos... E matam para vingar-se da própria morte.
De quem é a razão senão daquele que admite possuí-la?
E que homem é tão perfeito a ponto de poder determinar a morte de outro?
Que homem nunca errou?
Que homem nunca matou?
Todos nós matamos alguém um dia. Há coisas que as pessoas carregam que, ao serem assassinadas, levam muito mais que o próprio fôlego.
Matar não é tão somente tirar a vida. Você pode roubar uma esperança e matar uma pessoa do mesmo jeito. O não que você disse um dia... A esmola que você negou... O abraço que você não deu...
Querendo ou não... todos nós somos culpados por isso que observamos à nossa volta...
Quem é o homem para julgar o que é certo ou errado?
Que homem tem tanta razão para determinar qual é a razão mais correta?
Que homem é tão perfeito a ponto de dizer quem merece viver, ou não?
Infelizmente, prá ser homem hoje em dia, basta conseguir comprar o título. E junto com o título de "homem", o de razões e poderio.
Com isso, surgem os "Grandes Homens" da atualidade... "Capazes de julgar" sob sua rãzão, todos os demais que também tinham uma razão... esta, não tão "cara".
E nós assistimos tudo com olhos abertos e ao mesmo tempo, cegos. Mas não mais que os que estão a nossa frente.
Somos cegos àquilo que nos condena. Surdos ao que nos julga... E nessa terra de cegos quem tem um olho... esconde.