dezembro 15, 2006

Sociedade?

Relato aqui minha indignação. A mesma que dorme e acorda comigo todos os dias. A mesma que me acompanha enquanto eu caminho na rua e tento enxergar algo que vá além do orgulho e do egocentrismo humano. Porque eu não suporto mais viver em um mundo onde as pessoas simplesmente não se importam com outra coisa além de elas mesmas. Porque eu não quero para os meus filhos a sociedade que eu vivo. Com a política que eu sou obrigada a aceitar. Com a "liberdade" que, definitivamente, não existe. Com as possibilidades de melhora tão restritas quanto a "socialização emocional" das pessoas.

Eu vejo crianças passando fome. Indo de havaianas para a escola no inverno. Aquelas roupinhas gastas... sujinhas... rasgadas... remendadas... Se é que dá prá se chamar de "roupas'"... E do outro lado, eu vejo aquelas descendo do melhor carro importado, na frende da melhor escola particular da cidade, cruzando, indiferentemente, àquelas.

Eu vejo pessoas adoecidas, nas filas dos hospitais, esperando uma mísera vaga para serem atendidas pelo médico, que muito mal dará uma olhada, entregará uma receita e, talvez, receberão um remédio gratuitamente na farmácia do posto... E do outro lado, aquelas com o melhor plano de saúde, onde, quebram a unha e o médico manda-lhes fazer um raio x dos pés à cabeça...

Eu vejo seres humanos, já nem tão humanos, pedindo esmolas... Implorando pão, nem é dinheiro... Sentados nas ruas, às vezes com suas feridas expostas, humilhando-se para poder sobreviver por mais alguns dias naquela condição... E do outro lado aqueles que gastam milhões para visitarem os melhores ambientes, as melhores pousadas, nos melhores lugares do mundo.

Eu nem ligo mais a televisão, porque não quero mais ver tanta baixaria. Não quero saber mais o que já sei que vou saber: As mesmas mortes, a mesma falta de segurança, os mesmos medos, a mesma propaganda política de todos os anos desde que me conheço por gente e até muito antes disso...

A mídia e seus apelos: Faça isso, coma aquilo, compre aquele outro. Direita! Esquerda! Mais prá cima! Não, em baixo!
Não suporto essa farsa. Esse querer encobrir tudo como se fosse tão simples... Como "O Rio de Janeiro continua lindo" e "O Brasil é o país do Futebol", prá atrair turistas, prá conseguir dinheiro...
E Prá onde vai tanto dinheiro? Prá continuar mantendo as aparências? Prá que servem as aparências?
Sinceramente, farta. Farta de viver em uma sociedade aonde as pessoas não se importam com nada que vá além do que possam ver. Quem está por cima está sempre bem. Quem está por baixo definitivamente não existe. Mas a dor que os menos favorecidos sentem é a mesma que qualquer pessoa sentiria. Pobres ou ricos, todos têm medos e ambições. Todos têm sonhos. Desejos. Todos têm, digamos, vida.
Mas quem se importa? ninguém se importa.
Nós escolhemos isso. Nós somos os culpados. Somos egoístas por natureza. Tendemos a, simplesmente, ignorar qualquer pessoa que esteja abaixo de nós. Vivemos em uma sociedade de aparências onde, o interior não importa. Você está sofrendo? Dane-se. Sua maquiagem está bem feita... então, nem dá nada.
Somos ridículos. Eu odeio de tal forma as atitudes dos seres humanos... Que, se eu pudesse, me transformaria em outro ser, que não fosse humano...

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu Raio de Sol, imagino como você se sente...realmente não é facil lidar com toda essa carga diariamente, sabendo que em brasilia, politicos ínúteis tem seus salários aumentados em 90%...absurdo.
Mas infelizmente nosso povo é passivo...e se contenta com o baixo preço do arroz (nem tão baixo assim)...
será dificil, mas isso (ainda) tem jeito.
Não existem soluções de curto prazo...e as de longo prazo...ninguem as toma.

Mas minha doce Seile, não deixe a esperança fugir de teu coração, pois cada vez que um de nós desiste, menos chances essas pessoas tem de se erguer.

Um dia iremos superar isso.
Posso ser um tolo, mas sou um tolo com um sonho.

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto.
Adorei.
Infelizmente as coisas são assim mesmo, mas eu acredito que um dia elas vão melhorar. Tenha certeza.

Abraços.