setembro 11, 2008

Em quem você confia?

Aos que tem um melhor amigo apenas, ou aos que abrem o coração e a alma para quem queira ouvir. É fácil dizer que temos muitos (ou poucos) nos quais confiar. Mas outro dia, ao ouvir um diálogo comum entre pessoas simples que falavam de política, uma disse: "só por isso, confio em ninguém"...
Perguntei-me quem seria esse "ninguém". Pode um ser humano andar pelo mundo e todos os dias sem confiar em qualquer que esteja à sua volta? Depois prendi-me no absurdo que era acreditar nisso... É óbvio que não! Ele pode não ter um despertador para o acordar bem cedinho, mas o relógio de pulso ou da parede que alguém fez, está ali. E ele confiou na fabricação quando deu a ela o direito de permanecer acompanhando-o por longas horas de seu dia... Dizendo, a cada segundo, que horas são. Também confiou quando tomou, pela manhã, o café feito pela esposa, e se ele mesmo fez, no produto que foi embalado por uma pessoa que nunca viu na vida... Confia cada dia quando, ao pegar o ônibus pela manhã, cede ao motorista o direito de levá-lo até o ponto que desce para o trabalho. E quando ele mesmo dirige seu carro, confia naqueles que estão ao redor, andando em rumos contrários ou homolaterais... Confia nos funcionários da creche onde deixa seu (s) filhos, na cozinheira da escola que prepara o lanche deles. Confia no fabricante de cada produto quando o compra, no jornalista que publica seu jornal de cada manhã... Confia nas pessoas que fazem parte de seu cotidiano. Nas que encontra na rua, inda que não perceba, nas que o acompanham no trabalho. Inconscientemente, é preciso confiar sempre, embora o mundo hoje já não ofereça tantos créditos assim...
Imagine o caos que seria se todos tivéssemos mania de perseguição... Se as pessoas caminhassem amedrontadas, observando tudo à sua volta... Se precisassem realizar testes antes de vestir, comer ou dormir... Certamente não dormiriam nem sairiam de casa, nem fariam coisa alguma. Embora digam que não, embora eu ou você digamos "não", confiamos sim, e muito mais do que esperamos ou pretendemos...
Quando ele disse: "Só por isso, confio em ninguém", continuou, ainda seu senso comum discursivo: "então, não voto em ninguém". Medo de que votando, confiasse à alguém o direito de manipular o dinheiro de um povo todo...
... Então disse "não", e confiou aos outros o direito de escolher por ele quem deverá fazer isso...

* Seile M. Corrêa

Um comentário:

Alex Rocha disse...

Muito bom. Ainda não tinha parado pra pensar por esse lado: o de confiar naqueles que produzem nossos luxos e nossas necessidades. Alimento, transporte, diversão... Tudo em nossa volta deve ser dígno de nossa confiança.

Bjo, Manú.